sexta-feira, 6 de março de 2009

Ora bem,

vamos cá fazer um ponto de situação.
Esta pausa tem que se lhe diga. Aconteceu muuuuuita coisa. Comigo, connosco.
Estiquei a corda, estiquei, estiquei. O resultado foi uma cama de hospital durante quatro dias.
Mas, desde o inicio: sentia-me cada vez mais cansada e pensava "epá devo estar com uma anemia (outra vez), mas esta é mesmo a valer, já não tenho força para pegar no meu filho ao colo? Epá, isto está feio...amanhã marco uma consulta"
Amanhã, só amanhã. Hoje tenho que trabalhar, estudar, arrumar, ouvir, resolver, ajudar. Amanhã penso em mim.
Os batimentos cardiacos acelarados, cansaço extremo, uma palidez que lembrava cor de morte, dores de estômago.
Lá vou eu às urgências que hoje até me custa respirar.
Até a Sr.ª Enfermeira na triagem se assustou "entre lá, vai ser vista imediatamente pelo médico", "arre diabo que isto é grave" pensei.
Depois de análises vem a resposta pelo cirurgião de serviço "olha estás com uma anemia tão grave que nem sei como conseguiste chegar cá" e eu "ó Dr. vim de carro, não custou muito", " ahhhh assim dá gosto ver os doentes, quase a morrer e ainda têm sentidio de humor, tão linda esta rapariga". Foi a primeira vez que vi este médico e ele a mim, tratou-me como se fosse filha dele, memorável sem dúvida.
"Quase a morrer? Epá, isto é mesmo grave...nãaaa não há-de ser assim tão grave" pensei.
"Vamos ver se estás a perder sangue, por isso é que me chamaram" "Perder sangue, não não estou, que eu saiba não"
Fiz todo o tipo de exames, rx, análises.
Já a noite ia avançada, o marido tinha ido para casa. Eu estava ali num corredor, numa maca, à espera, com os meus pensamentos.
Vi pessoas chegarem de um acidente, vi sangue, vi um homem quase a ter um enfarte e a ser prontamente assistido, vi falta de saúde, vi muitas idosas e alguns idosos, vi pneumonias, vi lágrimas e senti lágrimas a escorrerem-me pelas bochechas "como seria se tivesse que ficar internada? E que dizer ao meu menino? Ele não pode vir ver-me pois não?" Mil pensamentos, mil desgraças, mil preocupações.
Levei duas transfusões de sangue e emocionei-me. Sou dadora de sangue, mas nunca pensei que um dia pudesse precisar também......
Faltava fazer uma endoscopia. Tinha que ficar internada.

Posso dizer que fui muito bem acompanhada, acarinhada e tratada. Por todos.
Fizeram o favor de improvisarem uma sala de visitas, para que o J. Miguel me pudesse ver. Estava sempre a familia toda, muitos telefonemas, muito carinho.
Andava numa cadeira de rodas, estava tão tonta que mal punha um pézinho no chão deixava de o sentir, era o melhor para ele, sentava-o ao colo e o pai empurrava-nos. Achava que o meu dó dói era na mão (onde estava o cateter, para entrada do soro e da medicação) e perguntava-me porque estava de pijama e chinelos, eu explicava e ele entendia. O meu menino, tão crescido.
Lá fiz a endoscopia (ainda bem que aquilo foi rápido, mas parece uma eternidade, foi muito custoso), e eis que decubro que tenho uma úlcera no duodeno a sangrar.
"Ahhhhh por isso é que tenho anemia???? Dahhhhh
Mas, espera lá. Eu até tenho uma alimentação equilibrada, já não fumo, não bebo. Não entendo..."

Bem, o médico explicou que possivelmente já a tenho há algum tempo, mas talvez em situações de stress, emoções fortes, etc. ela se "manifeste".

"Ok. Posso ir embora agora? Vai dar-me alta?"

"Sim. Vai fazer tratamento e repete a endoscopia daqui a um mês"

E pronto, agora tenho que abrandar o ritmo. Pensar um pouco mais em mim. E perder esta mania que tenho que resolver tudo sozinha, os meus e os problemas dos outros. Ok?

E como não acredito em coincidências e na minha vida tudo mas tudo tem um timing certo, estes últimos dias serviram para pensar na vida, na minha, na dos dois e na dos três. Na nossa familia, que é o melhor que tenho.
Ele (o marido) foi o que se "assustou" mais, ficou tudo bem.
Está tudo bem.

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