segunda-feira, 30 de março de 2009

Medo

de morrer. Sempre tive, é verdade. Mas agora penso muito mais nisso. E sempre foi assim, levo os meus medos para os sonhos. Transpiro, grito, acordo. Os sonhos também já me deram respostas. Sei que há um nome "especial" para pessoas assim. Sei que eu sou "especial" e agora que sei disso, já não há volta a dar. Tenho premonições, intuições e pressentimentos, tenho sonhos que acontecem dias depois. Mas esta noite foi realmente assustadora. Sentei-me na cama e chamei pelo meu marido, gritei por ajuda e dizia para ele me acordar, não sentia a perna direita, estava dormente. Senti pânico, não sei explicar. E quando lhe pedia para me acordar ouvia-o dizer "mas tu estás acordada", diz ele que lhe agarrei na mão com tanta força que foi aí que ele se assustou. Finalmente apercebi-me onde estava e deitei-me, adormeci.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Negócio

Resumo: GOVERNO + BANCOS = COMPADRES

Desempregados começam a devolver a redução na prestação da casa em 2011

19.03.2009 - 08h48 Rosa Soares, :, Nuno Simas - Público online

"À semelhança dos governos de outros países, incluindo Espanha, o primeiro-ministro anunciou ontem, no debate quinzenal no Parlamento, a possibilidade de as famílias com crédito à habitação e com elementos desempregados poderem reduzir a prestação da casa em 50 por cento.

A medida, objecto de contrato com os bancos, mas ainda não definida em detalhe, não implica perdão dos restantes 50 por cento da prestação, mas o seu pagamento posterior, com uma taxa de juro bonificada, ou seja, inferior em 50 pontos base ou meio ponto percentual em relação à taxa Euribor em vigor na altura.

Está em causa um adiamento do valor da prestação, que começará a ser pago a partir de Janeiro de 2011 e por um prazo que, segundo informação do Ministério das Finanças, poderá ser igual ao restante empréstimo. Regulamentar a medida e definir detalhes com a banca vai demorar algum tempo, pelo que as famílias que venham a aderir poderão beneficiar de um ano e meio de reduções ou pouco mais.

O PÚBLICO apurou que a medida em Espanha está a ter um adesão muitíssimo reduzida, em boa parte pelo aumento de encargos que as famílias têm de suportar posteriormente, e porque nada lhes garanta que ao fim dessa "moratória", como lhe chamou o primeiro-ministro, a situação de desemprego dos elementos do agregado familiar tenha mudado. Sócrates anunciou ainda o reforço no crédito bonificado para famílias com desempregados."

segunda-feira, 16 de março de 2009

26 graus

É a temperatura prevista para estes lados. Cheira a primavera e a verão. Gosto. Traz-me alegria. De viver.

Hoje comecei o dia às 6.00h da madrugada.

"Mãe, pai, fiz xixi nas cuecas, e no pijama e na cama, aiiiiiiiiiiiiiii, mãe pai !"

Estava em pânico, muito atrapalhado, foi a primeira vez que isto lhe aconteceu.

"Então filho o que se passa?" perguntei

"Pensava que estava na sanita a fazer xixi e depois acordei, enganei-me."

Olhei para o pai, tivémos que nos controlar, não fosse o rapaz pensar que o estávamos a gozar, mas deu-me cá uma vontade de rir...

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ora bem,

vamos cá fazer um ponto de situação.
Esta pausa tem que se lhe diga. Aconteceu muuuuuita coisa. Comigo, connosco.
Estiquei a corda, estiquei, estiquei. O resultado foi uma cama de hospital durante quatro dias.
Mas, desde o inicio: sentia-me cada vez mais cansada e pensava "epá devo estar com uma anemia (outra vez), mas esta é mesmo a valer, já não tenho força para pegar no meu filho ao colo? Epá, isto está feio...amanhã marco uma consulta"
Amanhã, só amanhã. Hoje tenho que trabalhar, estudar, arrumar, ouvir, resolver, ajudar. Amanhã penso em mim.
Os batimentos cardiacos acelarados, cansaço extremo, uma palidez que lembrava cor de morte, dores de estômago.
Lá vou eu às urgências que hoje até me custa respirar.
Até a Sr.ª Enfermeira na triagem se assustou "entre lá, vai ser vista imediatamente pelo médico", "arre diabo que isto é grave" pensei.
Depois de análises vem a resposta pelo cirurgião de serviço "olha estás com uma anemia tão grave que nem sei como conseguiste chegar cá" e eu "ó Dr. vim de carro, não custou muito", " ahhhh assim dá gosto ver os doentes, quase a morrer e ainda têm sentidio de humor, tão linda esta rapariga". Foi a primeira vez que vi este médico e ele a mim, tratou-me como se fosse filha dele, memorável sem dúvida.
"Quase a morrer? Epá, isto é mesmo grave...nãaaa não há-de ser assim tão grave" pensei.
"Vamos ver se estás a perder sangue, por isso é que me chamaram" "Perder sangue, não não estou, que eu saiba não"
Fiz todo o tipo de exames, rx, análises.
Já a noite ia avançada, o marido tinha ido para casa. Eu estava ali num corredor, numa maca, à espera, com os meus pensamentos.
Vi pessoas chegarem de um acidente, vi sangue, vi um homem quase a ter um enfarte e a ser prontamente assistido, vi falta de saúde, vi muitas idosas e alguns idosos, vi pneumonias, vi lágrimas e senti lágrimas a escorrerem-me pelas bochechas "como seria se tivesse que ficar internada? E que dizer ao meu menino? Ele não pode vir ver-me pois não?" Mil pensamentos, mil desgraças, mil preocupações.
Levei duas transfusões de sangue e emocionei-me. Sou dadora de sangue, mas nunca pensei que um dia pudesse precisar também......
Faltava fazer uma endoscopia. Tinha que ficar internada.

Posso dizer que fui muito bem acompanhada, acarinhada e tratada. Por todos.
Fizeram o favor de improvisarem uma sala de visitas, para que o J. Miguel me pudesse ver. Estava sempre a familia toda, muitos telefonemas, muito carinho.
Andava numa cadeira de rodas, estava tão tonta que mal punha um pézinho no chão deixava de o sentir, era o melhor para ele, sentava-o ao colo e o pai empurrava-nos. Achava que o meu dó dói era na mão (onde estava o cateter, para entrada do soro e da medicação) e perguntava-me porque estava de pijama e chinelos, eu explicava e ele entendia. O meu menino, tão crescido.
Lá fiz a endoscopia (ainda bem que aquilo foi rápido, mas parece uma eternidade, foi muito custoso), e eis que decubro que tenho uma úlcera no duodeno a sangrar.
"Ahhhhh por isso é que tenho anemia???? Dahhhhh
Mas, espera lá. Eu até tenho uma alimentação equilibrada, já não fumo, não bebo. Não entendo..."

Bem, o médico explicou que possivelmente já a tenho há algum tempo, mas talvez em situações de stress, emoções fortes, etc. ela se "manifeste".

"Ok. Posso ir embora agora? Vai dar-me alta?"

"Sim. Vai fazer tratamento e repete a endoscopia daqui a um mês"

E pronto, agora tenho que abrandar o ritmo. Pensar um pouco mais em mim. E perder esta mania que tenho que resolver tudo sozinha, os meus e os problemas dos outros. Ok?

E como não acredito em coincidências e na minha vida tudo mas tudo tem um timing certo, estes últimos dias serviram para pensar na vida, na minha, na dos dois e na dos três. Na nossa familia, que é o melhor que tenho.
Ele (o marido) foi o que se "assustou" mais, ficou tudo bem.
Está tudo bem.